tag:blogger.com,1999:blog-41286563066200711212024-03-13T05:11:20.214-03:00Submundo das idéiasUm mundo novo e distante da sociedade, onde contos e poemas fascinam pela novidade, enquanto as crônicas fazem o caminho de volta ao mundo em que vivemos, mas de forma revolucionária e completamente diferente de como se chegou. Visite esse submundo!Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.comBlogger151125tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-20482234352635798092012-01-26T03:03:00.001-02:002012-01-26T03:04:42.898-02:00Quero ódiosA mão que alimenta é a mesma que machuca<br />
Confundo-me com essa máxima <br />
Nem sei o que pode doer mais:<br />
O carinho ou o rancor?<br />
<br />
O carinho te esquenta<br />
Te acolhe nos braços<br />
Faz-te esquecer dos problemas<br />
E deixa-te quando menos esperas<br />
<br />
O rancor se esconde sob olhares frios<br />
Atrás de sorrisos amarelos<br />
E como serpente da o bote<br />
Pois a vingança é um prato que se come frio<br />
<br />
Ainda prefiro o ódio<br />
Sim, aquele declarado<br />
Pois de todos, é o que mais perto chega<br />
É o que realmente se aproxima do amor.Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-87967057236459917332011-08-18T13:31:00.000-03:002011-08-18T13:31:31.573-03:00Triste partidaSentado na cadeira de balanço, de olhos mareados, ele pensa: "Lá se vai mais um pedaço de mim".<br />
Nunca tentara mudar. Na juventude, fazia o que queria. Durante toda a vida, fez somente o que lhe passou na cabeça. Mesmo conhecendo seu erro, nunca tivera o trabalho de pedir perdão. Aquelas pessoas não mereciam sua humilhação. Ora, perdão. Quem são eles pra me perdoar?<br />
O tempo passou, e com ele o vigor da juventude. Tornou-se fraco, esguio. Os ossos lhe saltavam sob a pele. As olheiras oriundas da farra e das noitadas foram substituidas por olheiras ainda maiores, ocasionadas pelas noites a fio em que o sono fugiu, e a culpa apoderou-se do coração. Coração? Diziam que ele não tinha. Mas ao envelhecer, conseguiu sentir aquele pedaço de carne esburacado. Hoje ele sabe que tem um coração, pois não pára de doer. Foi atrás de médicos, de curandeiros, mas todos eles disseram a mesma coisa: Não há remédio humano que te cure.<br />
Na velha cadeira de balanço criou raízes, pois a dor no coração tranformou-se em mágoa, e a mágoa transformou-se em imensa tristeza, que trouxe consigo a falta de vontade, o medo do mundo. Por isso, atou-se emocionalmente á cadeira de balanço, pois foi a unica coisa que não lhe fugiu ao controle. Somente aquela cadeira aguentou seus anos de soberba. Os outros tiveram de ir embora. Tentaram lhe ajudar, mas tinham suas próprias vidas a seguir. O único que ficou foi aquele velho, que pelo descaso da tristeza deixou com que a barba e os cabelos crescecem. Parou de comer. Não sentia mais prazer em nada. Tudo que lhe restou foi a saudade.<br />
Com um nó eterno na garganta, respirou fundo e sentiu as batidas do coração. Uma. Duas. Três. Quatro... Silencio. Veio então o suspiro derradeiro. O corpo afrouxou-se sobre a velha cadeira, mas não havia ninguém lá para lhe socorrer. Ninguém iria chorar sob seu túmulo. Morreu de velho, então, o Arrependimento, sem amigos, sem familia, e sem ter conseguido mudar sua vida...<br />
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<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Thiago M. Lacerda</span></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-92228889579757087022011-08-17T05:17:00.000-03:002011-08-17T05:17:48.569-03:00Aquela ideologia<i>- A sociedade está podando seu futuro! Sim, é com uma frase de impacto que começo esse discurso, pois se nada, até agora, pôde mudar a mente humana, só entrando de sola mesmo. Enfim, como está podando? Preste atenção nas salas de aulas. Qual a diferença entre elas e a cama onde as crianças dormem? Em ambos elas sentem sono, mas pelo menos na cama elas podem sonhar. </i><br />
<i>- A quem responder de forma espirituosa essa pergunta, dou todos meus bens! O que o sistema educacional ensina de produtivo aos nossos alunos? Uau, eles aprendem a resolver contas com logaritimos. E, importantissimo, são ensinados a diferenciar um sujeito composto de um simples. E agora, novamente a pergunta: O que o sistema educacional ensina de PRODUTIVO aos nossos alunos?</i><br />
<br />
A cada nova palavra, o povo exaltava aquele jovem político. Em praça publica resolvera fazer seu discurso. Sem acessoria de imprensa, subira em um banco e desatara a falar, não o que lia em um IPad ou em um bloco de anotações, mas o que saia da mente, o que dizia o seu coração. Às nove horas da manhã de segunda-feira, cerca de 200 pessoas paravam ao lado do Mercado Público para ouvir aquela figura até então pouco conhecida. E ele prosseguia:<br />
<br />
<i>- O que o mundo está fazendo aos nossos jovens? São como plantas que precisam de água para crescer e sobreviver. E nós, o que fazemos? Colocamos o regador longe do alcance delas e dizemos: Vem, te esforça absurdamente e bebe água. Porque!? Porque fazemos com que o objetivo dessa juventude seja estudar, estudar e estudar!? Porque colocamos como meta um vestibular ou um diploma, se o objetivo das plantas não é a água, mas sim o céu? Temos que regar essas plantas com toda a nossa água, com todo o nosso conhecimento, mas de forma suave, pra que não se afoguem, e ensina-las que seu objetivo é céu. O vestibular, o diploma, as boas notas, o estudo, são como a água para a planta, mas nunca como o céu. Pois o céu da nossa juventude deve ser uma sociedade mais unida, uma vida digna a todos!</i><br />
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Cada vez mais transeuntes paravam para ouvir aquele rapaz engravatado que, debaixo de um sol quente e incomun de inverno, discursava idéias nunca antes vistas. Sob aplausos alucinados, o jovem terminou seu discurso e desceu do banco. Alguns o cumprimentaram. Um, em específico deu-lhe um presente: Uma bala no lado esquerdo do peito. Todos aqueles observadores fanáticos ficaram chocados com o disparo repentino. O assassino fugiu. As pessoas retomaram suas vidas. E aquela ideologia inovadora morreu, pois ninguém se deu ao trabalho de planta-la em sua mente. Hoje em dia, boas idéias não vivem pra contar história...<br />
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<div style="text-align: right;"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-80350360775200560952011-05-19T01:06:00.000-03:002011-05-19T01:06:20.374-03:00Meus errosAinda era jovem. Tinha apenas quinze anos, mas achava que tinha tudo. Pensei que o mundo parava para me escutar, para me observar. Para mim, nada acontecia sem que eu estivesse lá, sem que eu estivesse sabendo, sem que eu quisesse. Na realidade o que eu tinha era um quarto, o dinheiro dos meus pais e meia dúzia de amigos verdadeiros. Mas não, eu achava que era especial, que meu intelecto guiava o mundo e sem mim ninguém existia. E por um bom tempo foi assim. Meus verdadeiros amigos foram deixados de lado para que eu tivesse tempo para aquele que me bajulavam. Esbanjei o dinheiro dos meus pais com festas que eu não queria ir, com coisas supérfluas que eu não queria comprar e seus conselhos por falsos amigos.<br />
De repente tomei um tapa. Aqueles que estavam ao meu redor se voltaram para outro recém-chegado e desavisado. O dinheiro dos meus pais acabou. Eu já não era mais tão simpático, nem tão bonito, nem tão inteligente, tampouco dedicado. Senti-me desabrigado. Como um mendigo que, outrora milionário, perde a mansão, a mulher, os bens e vai viver sob um velho viaduto. Meu quarto não era mais tão grande e nem tão movimentado. Meus violões pareciam mais empoeirados, e como que por mágica, meu computador, celular e videogame tornaram-se velhos e obsoletos, substituidos por novissimos modelos que todos os meus antigos amigos possuiam. <br />
Foi nos velhos amigos, que há muito deixara para trás, que descobrí que nada havia mudado. Ou melhor, não para mim. Descobri que aquela vida badalada, tumultuada e rodeada de amigos e amores foi uma fase. Um ápice emocional. Um rápido momento onde o sol aparece entre as nuvens, mas rapidamente volta a se esconder. Mas até os dias mais nublados tem sua beleza, e foi com as pessoas que realmente gostavam de mim que descobri que um dia ensolarada nem sempre é o melhor que a vida pode te oferecer. Desses amigos, guardo muita lembranças boas e milhares de lições. Dos outros, não guardo sequer uma mágoa. Deles, levo somente o aprendizado que vem com os erros.Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-20532232123595116432011-05-05T15:13:00.000-03:002011-05-05T15:13:36.122-03:00A pacienciaComo de costume, chovia. A rua estava deserta. Caminhei por uma rua suburbana de casa simples mas charmosas. Passei em frente à um galpão. Pelas portas escancaradas ví um homem de feições um pouco rudes, com as roupas e apele suja de poeira e fuligem. Com marreta e talhadeira em punho, ele golpeava um imenso bloco de pedra. Como a chuva tivesse aumentado, convidou-me a me abrigar ali. Disse-me que era escultor e que acabara de começar uma nova obra. Conversamos enquanto ele continuava batendo no mesmo ponto.<div>Contou-me sobre a familia, os filhos, a vida na cidade. Desde sempre fora escultor. Ainda muito jovem herdara do pai as ferramentas e o carisma, assim como a responsabilidade de cuidar da mãe e dos irmãos. Da horta e da criação a mãe tirava o sustento, mas ele queria mais. Queria dar estudo aos irmãos. Nunca fora em escola, mas sabia que os irmãos não teriam futuro sem estudos. Trabalhou noite e dia. </div><div>A este ponto eu ja me incomodava com as batidas incessantes. Desde que eu chegara, nenhuma rachadura sequer havia surgido na pedra. Percebendo minha incomodação, parou e perguntou o que havia. Meio constrangido perguntei a finalidade de tudo aquilo. Disse-me o seguinte: </div><div>- Os jovens esperam tanto que algo desfaça o tédio que quando acontece eles nem percebem.</div><div>Sentí-me encabulado, mas voltei a escutar sua história. </div><div>Com o tempo, ganhou muito dinheiro, revertido em cursos e faculdades. Hoje os irmãos moram na capital, e ensinando seu filho, ele completa o ciclo da familia. Perguntei se não queria que o filho estudasse e tivesse outra profissão. Foi então que me respondeu:</div><div>- É isso que eu desejo. Dei-lhe os melhores professores, os melhores cursos e faculdades. Mas não abdiquei de ensinar-lhe meu oficio, pois esse lhe mostrará os valores da vida e a importância da paciência e perseverança.</div><div>Antes que eu pudesse perguntar-lhe o significado daquilo, um estrondo tirou-me a atenção. Sob a marreta e a talhadeira, o enorme bloco de rocha quebrou ao meio. Como se cortado por maquinas industriais, haviam agora dois blocos extremamente lisos em todos os lados. O escultor olhou-me com olhos de um pai que ensina ao filho, e naquele momento entendí que não foi a última pancada que quebrou a pedra, mas sim todas as outras que a antescederam.</div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-18099566260347386942011-04-28T13:50:00.001-03:002011-05-05T15:36:06.519-03:00Crítica ao ensinoNão crescí sob poda. Nunca tive limites culturais a seguir. Não me enquadro nas escolas comuns. Não me enquadro nas faculdades comuns. Copiar e colar, definitivamente, não é a minha praia. Meu caderno nunca esteve em sintonia com algo que não fosse minha própria mente. Isso quando eu tinha cadernos.<br />
Meus professores não compreendiam. Meus colegas, tampouco. Por isso minha vida escolar, de inicio brilhante, foi turbulenta e genial. Onde a sociedade de ensino me permitiu, tive ápices de genialidade, mas além dessas brechas, uma vida medíocre e angustiantes. Uma sensação deque se cresceu mais do que o espaço permitia me acompanhou atéa faculdade.<br />
Saí. Me desprendí das fundações do ensino moderno. Fugí antes de tornar-me um papagaio, um HD de computador. Não adquiri titulos acadêmicos nem diplomas, mas conseguí escapar ainda com liberdade de pensamento e expressão. Hoje, estudo na faculdade da vida, e sem previsão de formatura...Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-54590707845634884472011-03-30T17:07:00.001-03:002012-04-11T02:08:49.176-03:00Bauman<div class="MsoNormal">
O relógio no canto da tela marca três horas. Há cinco estou mirando a tela sem absolutamente nada a escrever. Cinco horas e nem uma palavra. Na verdade foram várias palavras, mas nada que pudesse ser considerado um pontapé inicial. O tempo aumenta a pressão. É, acho que deveria ter comprado aquela máquina de escrever. Pelo menos não estaria há cinco horas olhando para um caixa que emite luz. Meus olhos agradeceriam. Mas cá estou, sem máquina de escrever, sem frio, sem uivo do vento. Só uma noite clara e abafada, exatamente como as noites típicas de verão. </div>
<div class="MsoNormal">
Preciso escrever um conto. Apenas um. Lembrei-me de Bauman. O conto é liquido, se adapta a qualquer recipiente. De tão liquido me escorre pelos dedos e derrama-se noite a fora. Meu conto deve estar por ai, em uma poça qualquer, prestes a evaporar aos primeiros raios de sol. É, acho que hoje não é a minha noite. Talvez o céu desabe meu conto novamente. Sonhos. Um conto não cai assim do céu. Mas, como água pode simplesmente chover sobre mim? Quem dera o conto fosse liquido. Zygmund Bauman estava errado. Se bem que, se não fosse liquido, como eu o perderia tão facilmente?</div>
<div class="MsoNormal">
Deu! Chega! Nada de computador. Nada de máquina de escrever. Eu vou é pegar papel e caneta e escrever na banheira.<br />
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<i>Thiago M. Lacerda</i> </div>
</div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-10379392568857282942011-03-26T01:34:00.003-03:002012-04-11T01:45:45.838-03:00Eu CreioCruzei as noites. Não no verão. No calor, a noite passava em branco para mim. Mas no inverno. Não guardo más recordações do inverno. Não sou nenhum mendigo, morador de rua. Não quero que sintam pena por não ter um lar onde se esquentar durante o frio. Não tenho toca para hibernar até que o verão volte. Gosto disso. Não preciso de cobertores ou casacos porque o frio me aquece. Como uma manta acolhedora o vento gelado das noites de inverno me envolve, me acalenta, me nina e faz-me sentir em casa. Minha casa é qualquer lugar. Minhas raízes estão no ar, diz a canção. Por onde o vento sopra, lá vou eu, arrastado pela familiridade que o ar frio me causa. Repito, não quero pena. Não preciso disso. A estação não é ruim. Há quem prefira praia e sol, mas pra mim, frio, noite iluminada pelos postes, vento gelado no rosto... isso é que é vida. Ouso dizer que me sinto até mais inteligente no inverno. É nessa época que paramos para pensar na vida, nos acomodamos depois das loucuras de verão.<br />
Lembro-me de uma vez em que, sentado na calçado, uma senhora perguntou-me se o frio não me chateava, não incomodava. Fico chateado quando a corda do meu violão arrebenta. Me chateio quando minha roupa rasga. Me incomoda quando o ônibus me dá uma banho na sargeta. Frio não me incomoda. Chuva também não me incomoda. Claro, não me arrisco nela. A pior coisa pra minha profissão é ficar resfriado. Ser vagabundo hoje em dia não é facil. Mas debaixo de uma marquise, Deus me dá o imenso prazer de observar uma obra de arte, um quadro em movimento. A chuva refletida nos postes antigos do centro de Porto Alegre é algo magnífico. Cada gota caindo sobre o paralelepípedo, dando-lhe maior relevo do que realmente tem, e em seguida escorrendo pela rua da Ladeira. Nem as árvores, que durante o dia cobrem os raios de luz, são capazes de conter a água que cai do céu. Acima disso tudo, a cruz. A imensa cúpula emoldurada pelo céu meio negro, meio cinzento, permanece lá, sólida, concreta, intacta, quase viva. Há alguém me observando. Não vejo vultos. Nem um movimento no alto do santuário enxarcado. Talvez seja alguém um pouco acima. Na moldura...<br />
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<i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-42239616973859537832011-03-04T21:05:00.003-03:002011-05-05T15:37:02.521-03:00Não aprendí a amarCerta feita, estava eu em uma cidadezinha do interior. O inverno estava sendo rigoroso, e ao longe vi um belo casal caminhando na praça do chafariz. Conversavam serenamente. Na calçada, a capa do violão aberta, eu tocava sem me importar muito com o mundo. Mas confesso que aquele casal me chamou atenção. A canção entrou no piloto automático e, não sei se pela beleza de ambos ou pela briga que começara sem aviso, eu só prestava atenção nos dois.<br />
O frio tornava aquele lugar quase mágico. O chafariz, as luzes, os banco, as árvores. A igreja ao fundo. Deus via tudo. Aquela briga não combinava em nada com o lugar. O casal que minutos atrás parecia feito para aquela imagem agora se destacava em meio à calmaria.<br />
<i>Mas diz porque tu vais embora. Mas diz porque tens tanto medo.</i> De repente voltei à minha música. Enquanto dedilhava o violão, voltei ao dia em que partí. Porque fui embora? Tive medo? Depois de muito pensar, cheguei a conclusão de que eu não nasci para conviver com os outros. Tenho medo de longos relacionamentos. Não entendo como duas pessoas podem ser melhores amigos. Não acredito nesse tipo de amizade. Enquanto morei com meus pais, tive muitos amigos, mas nenhum igual aos amigos que conquistei na estrada. Talvez a maioria nunca mais me veja. Assim como não carrego saudades, creio que eu não seja uma figura sempre lembrada por todos, mas o que ficaram para as minhas histórias com certeza foram importantes, pois me ensinaram algo. Assim como esse casal, que me fez relembrar um dos motivos de ter partido. Nunca soube seus nomes, mas sei que observando-os sentí medo. Medo de relações longas, de muita aproximação. Intimidade demais é prejudicial à saude. Dezessete anos me fizeram compreender que o ser humano é livre, e que as pessoas tendem a prender-se umas às outras. Nunca me acostumei a esse tipo de relação. E assim descobri porque levo essa vida errante.<br />
Depois de um longo beijo, os dois pararam de brigar. Admiraram um pouco o chafariz, deram-me algumas moedas e se foram. Levante-me e comprei um café.Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-18741727558722189162011-03-04T10:15:00.003-03:002012-04-11T01:49:16.062-03:00Me apresentoPeço desculpas por não avisar, por ir embora, por não ter amado tanto. Principalmente, peço desculpas por não ter saudade. Não sei como estão agora. Não preciso saber como estão agora. Mas na vida que levo, não há espaço pra saudade. As pessoas que conheço, deixo onde estavam. Comigo só levo a viola, meu amor próprio, minha fé e a vontade de seguir por ai. Como um carro sedento por estrada, meus pés só descansam no asfalto, na eminência de um novo lugar. O mundo me dá tudo de que preciso. Tomo banho, faço a barba, almoço, janto, leio jornal, livros, toco violão. Ganho dinheiro do mesmo modo como o gasto. As pessoas tem necessidades que muitas vezes não conseguem saciar, e para isso existe o trabalho alheio. Caminhando por ai já encontrei dezenas, talvez centenas ou milhares de pessoas precisando de um serviço; qualquer serviço: pedreiro, carpinteiro, músico, pintor, officeboy... Graças a Deus, sempre existiu a necessidade de algo por onde passei. Graças a Deus, sempre tive tudo que precisei. Graças a Deus, sempre tive Deus comigo.<br />
Não lembro exatamente quando decidi sair, muito menos porque. Talvez alguma desilusão amorosa, desgaste familiar. Realmente não lembro. Sei que tinha 17 anos, um diploma do ensino médio, um violão, dinheiro guardado e roupas boas. Cresci em meio a uma familia de classe média como outra qualquer: pai, mãe, irmão, tios, primos, avós... Pelo esforço do meu pai, estudei em bons colégios, fiz cursos... Me sinto ingrato quando penso nisso, mas aquela não era a minha vida. Em dado momento, coloquei minhas coisas numa mochila, o violão nas costas e partí. No inicio, eu não tinha a menor ideia de onde ir. Até hoje não tenho. Passei quase uma semana numa pousada caindo aos pedaços, no centro da cidade. Cinco ou seis dias. Também não lembro. Pensei em voltar. Na verdade, foi a única vez que pensei em voltar.<br />
Naqueles dias refletí muito. Cheguei a uma conclusão: Meus tênis tem uma sola bem grossa e meu violão me dá diversão e dinheiro a qualquer hora. A sola não era tão grossa e o dinheiro não era tão facil, mas decidi seguir, caminhar por ai. Passei por muitos lugares. Não sei onde. De cada lugar que passei, a única coisa que levo é o aprendizado. Para trás deixo os amigos, as mulheres, e o dinheiro. Também não carrego vícios. <br />
Tive muitas oportunades nessa vida. Poderia ter sido um músico famoso, um publicitário conhecido, um advogado, dentista, jornalista. Mas decidi-me por ser vagabundo, profissão que com prazer exerço até hoje. Sou também contador de histórias, e se quiserem saber a minha, é com prazer que lhes contarei.Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-37648950536362230492011-02-14T23:57:00.002-02:002011-04-27T15:14:44.507-03:00Há tanto tempo...Viu-se de repente em meio à penumbra. Esquecera-se de tudo que um dia fora seu.Não mais lembrava dos amigos, das festas. Não era ruim. Simplesmente um ponto de vista diferente. Queria sentir falta de tudo e de todos. Se esforçava, mas não conseguia. Por incrivel que pareça, não mais sentia aquela inquietação por não estar como todos eles, por não ser um deles. Aquela vontade louca de sair porta a fora sem se importar com nada nunca mais assolou-lhe o coração. Muitos sentiam saudades. Diziam que esse novo rapaz não era nem de longe o mesmo de outrora. E realmente não o era. Mas apesar de todos se prostrarem contra essa mudança, ele não tinha vontade de voltar, ele não sentia necessidade de mudar.<br />
De tanto se esforçar, já não diferia as coisas. Não mais sabia se ele havia mudado o suficiente para afasta-lo das pessoas, ou se as pessoas ao redor haviam mudado tanto que enterraram toda a saudade que fazia-os unidos. Provavelmente as duas coisas. O mundo não era mais folia, bebida e agito. As lentes haviam mudado, e o mundo parecia completamente diferente aos seus olhos. Mas assim como o anteiror, esse novo mundo as vezes parecia a beira do colapso. Prestes a ruir. Talvez o mundo antigo realmente tenha sumido, se divido, e por sobre as fendas ninguem podia passar. Realmente, era isso, cada grupo separado pelas imensas fendas remanescentes da destruição do mundo, e agora, separados pelo espaço e também pelo tempo, cada um criava o seu novo mundo, com os que ficaram a sua volta.<br />
Todas noites, antes de dormir, era isso que ele pensava. Esse ciclo de pensamentos espantava-lhe o sono e deixava mais atento ao mundo. E como sobrevivente de um mundo destruido, as sequelas e o panico daquela época ainda lhe assombram às noites a cada pequeno tremor...<br />
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</i></div><div style="text-align: right;"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-13814676271044927462011-02-11T03:06:00.002-02:002011-04-07T09:31:11.367-03:00ArtificialCom as têmporas latejando, ele sentou-se à frente do computador. Há algum tempo não escrevia, mas de súbito sentia que naquele momento algo interessante sairia. Andara se perguntando se aquela tecnologia toda não espantava a criatividade. Na verdade, seu estilo não era aquele. Provavelmente uma maquina de escrever em quarto mal iluminado se encaixaria muito melhor em seus textos. Mas ali estava, olhando para aquela tela iluminada, onde as coisas apareciam e sumiam com facilidade.<br />
A dor nas têmporas aumentou, e o cheiro de sangue surgiu de dentro das narinas. Não sabia exatamente o que escrever, mas a vontade de tal ato lhe impedia de ir dormir. Já eram quase três horas da manhã, e depois de um telefonema, o sono havia partido. Talvez toda aquela situação tivesse recuperado um pouco da inspiração. E de fato ela voltou, pois os dedos se mexiam de lá pra cá, no <i>tec tec</i> do teclado, de uma forma natural, quase inconsciente.<br />
Já no terceiro parágrafo, ainda não tinha a menor ideia do porque escrevia, muito menos sobre o que. Sob a luz artificial de uma lâmpada florescente a noite sequer chegava no quarto. Ele sabia que la fora, já era alta madrugada, mas ali dentro o tempo não parecia passar... Sempre a mesma temperatura, controlada pelo condicionador de ar. Sempre a mesma luz, nada de sol a pino ou noite sem lua. Os velhos violões encaravam-no como a esperar um bom texto, algo que pelo menos lembrasse os velhos tempos, os velhos textos. Os bons textos.<br />
Nas últimas linhas sua cabeça doía tanto que os pensamentos pareciam chacoalhar perante o latejar das têmporas. O cheiro de sangue nas narinas era nauseante. A sensação de suar frio surgiu aos poucos na testa e nos braços. Baixou a temperatura do ar condicionado e desligou a luz, e ao terminar o texto, concluiu com a maior das tristezas que aquela seria mais uma tentativa vã. Bons textos não nascem em cativeiro...<br />
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<div style="text-align: right;"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-54680051998103586252011-01-19T19:37:00.002-02:002011-04-07T09:30:18.447-03:00ReveillónNaquele dia, completavam um ano e quatro meses. Não foi o melhor ano... Inpumeras brigas e discussões inúteis haviam afastada aquele casal apaixonado de outrora. A última parecia ter sido a gota d'água: A traição. Cerca de um mês antes ela havia descoberto a traição. Dias e dias de uma discussão sem fim.<br />
<br />
- Porque? Eu não lhe dei tudo de que precisava? O que te faltou aqui? Amor? Carinho? Atenção? Sexo?<br />
- Deixa pra lá...<br />
- Como assim, deixa pra lá? Eu fui trocada e agora tu quer deixar pra lá?<br />
<br />
E assim se seguiam discussões que começavam e terminavam sem nenhuma conclusão. Até que, cansado das evasivas, ele abriu o coração:<br />
<br />
- É, realmente faltou alguma coisa sim! Compreensão e espaço! Eu sei que errei, mas foi a única forma de me fazer ouvir! Agora sim, tenho toda a atenção.<br />
- Então era isso? Será que eu preciso dizer que não há mais nada entre nós então?<br />
- Na verdade, acho que não... Eu te amo, e a única coisa que eu quero agora é estar novamente contigo... Prometo que...<br />
<br />
Promessas... Era fim de ano, e essa era mais uma das promessas... Dessa vez, nada de emagrecer 5kg, estudar mais, ser mais atencioso. A promessa era não trair. Por outro lado, ela prometia prestar mais atenção nele. Mas o ato imperdoável da traição foi perdoado. <i>Ele prometeu. Ela perdoou. Mas nada foi igual*.</i><br />
Diante dos fogos de artificio, as promessas pareciam certezas. O show pirotécnico que iluminava a orla do Guaíba davam um tom quase profético aquela reconciliação. Senão profético, com certeza poético. <i>00h01min</i>. Aos beijos, comemoravam o ano que viria, a reconciliação, e as promessas. <i>00h05min</i>. Nos braços dele, ela se sentia já mais segura, pronta para enfrentar mais um ano. <i>00h07min</i>. A felicidade dos dois parecia a melhor coisa no meio de tanta gente. Ninguém poderia se amar tanto.<i> 00h10min</i>. <b>Nada mudou.</b><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;"><i> <span style="font-size: small;">Thiago M. Lacerda</span></i></span></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>*Trecho retirado da música Disco Rock, da banda Papas da Língua.</i></span>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-12946860073104869902010-10-27T00:22:00.000-02:002010-10-27T00:22:34.313-02:00As aparências enganamDe subito, acordei. Enxarcado, suando frio. Senti uma veia latejar sob minha testa, enquanto meus olhos pareciam prestes a saltar das órbitas. Pela dor na nuca, imaginei que estivesse com a pessão altissíma. Não que seja normal, mas acostumei-me a ouvir sobre as dores de cabeça, frutos da hipertensão de minha avó. Não lembro exatamente o que me havia acontecido. Lembro de ter sonhado com um corredor enorme, com as paredes cobertas por musgos e teias de aranha, toda de tijolos crus. Ao fim, uma janela. Olhei para o lado e percebí que a janela do meu quarto era exatamente igual a do sonho. E o pior. Alguém me espiava pela janela. Impossível! Como alguém estaria do outro lado da minha janela, no segundo andar!? Era um homem aparentando cerca 45 anos. Seu olhar era assustador. Começou a abrir a janela quando, de súbito, acordei.<br />
Acordei? É, acordei, olhei imediatamente para a janela, e percebi que aquilo havia sido o sonho dentro do sonho. Ainda era noite. Alta madrugada, e o vento la fora uivava. Deitei a cabeça no travesseiro e me permiti fechar os olhos demoradamente. Uma pancada na janela me tirou do meu transe, e num susto percebi que o homem do sonho estava na minha janela! Não acreditei. Novamente um sonho. Tentei gritar, me mexer, precisava acordar. Com meio corpo para dentro do meu quarto, o homem continuava me olhando com olhar assustador.<br />
Num pulo, acordei. Suspirei aliviado. Finalmente a salvo daquele pesadelo. Revire-me na cama. Pânico. Horror. Ele estava ali, em pé, ao meu lado, me observando. Seus olhos negros pareciam prestes a me atacar. A expressão insana do rosto era a mesma de quando me via através da janela. Debati-me. Não podia ser real. Um pesadelo. Não havia outra explicação. Aquele invasor simplesmente me observava, e nada mais. Gritei o mais alto que pude.<br />
Com o sol no rosto, finalmente acordei. Já era de manhã, e o céu aberto me acalmou um pouco. Levantei-me, e ao olhar para a rua novamente, percebi algo que até então não havia visto. Um pedaço de pano preto, preso à janela. E, putz, tinha certeza de ter fechado a janela antes de ir dormir...<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Thiago M. Lacerda</span></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-35001550821190638792010-08-25T00:00:00.000-03:002010-08-25T00:00:32.269-03:00Já é outro diaVeja quem quiser ver<br />
Ouça quem quiser ouvir<br />
Pois nos meus olhos hoje vive uma estrela<br />
E no meu peito hoje bate um coração<br />
<br />
<br />
Não tenho mais medo de dizer<br />
Não tenho medo de que escape a emoção<br />
Te amo, te amo, te amo<br />
Mais que isso, palavras não dirão<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Thiago M. Lacerda</span> </div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-80224359893153670382010-08-13T09:42:00.000-03:002010-08-13T09:42:10.531-03:00EstrelinhaCerta feita, disse o poeta<br />
Que a estrela mais distante<br />
É a que nos encanta<br />
É pra esse estrela<br />
Que o poeta canta<br />
<br />
Acho que de tanto observar<br />
Essa estrelinha desceu do céu<br />
E veio me iluminar<br />
<br />
Com um beijo doce<br />
Me deu seu calor<br />
No olhar sincero<br />
Senti todo o amor<br />
<br />
Não há trevas<br />
Que vençam essa luz<br />
Que do amor nasceu<br />
E pro amor conduz<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Thiago M. Lacerda</span></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-17597993481825209892010-08-10T23:51:00.001-03:002011-04-27T15:21:31.093-03:00Um só beijoÉ a esperança que me leva a ti<br />
Um só beijo, e tudo mudou<br />
Naquele dia novamente sorrí<br />
E desde então, algo em mim ficou<br />
<br />
Confesso, tive medo<br />
Mas o calor que há em mim<br />
Essa pequena fagulha de vida<br />
Me da coragem pra te querer mais e mais<br />
<br />
Um só beijo, e tudo mudou<br />
A cena se inverte<br />
E traz de volta aquilo que se apagava<br />
Reascende a chama pra te querer mais e mais<br />
<br />
Te quero aqui<br />
Como da última vez<br />
Ter teu carinho<br />
Não sabe o bem que me fez<br />
<br />
Um só beijo<br />
E te provo que vale a pena<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Thiago M. Lacerda</span></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-20549556916995844522010-07-30T12:55:00.003-03:002011-04-27T15:16:13.915-03:00A cenaA geada encobre tudo<br />
E antes mesmo da madrugada chegar<br />
O mundo já se calou<br />
Tudo é mais belo à luz do luar<br />
Inclusive o céu<br />
E o cheiro úmido no ar<br />
<br />
Uma fogueira resiste ao longe<br />
O frio esgueira-se por entre as roupas<br />
Sorrateiro e sedutor, ele invade<br />
<br />
Lá em cima, as estrelas só observam<br />
Belas e indiferentes<br />
E ao mesmo tempo<br />
Curiosas e complacentes<br />
<br />
O céu respingado de neon<br />
Emoldura toda a cena<br />
Enquanto espera que o sol venha<br />
Terminando, enfim, com esse dilema<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-5802615515273719772010-07-30T12:50:00.003-03:002011-04-27T15:22:27.049-03:00ValeTudo é belo<br />
Incerto<br />
Mas belo<br />
<br />
O sol nascendo<br />
Os pássaros cantando<br />
Ninguém nos vendo<br />
Eu te beijando<br />
<br />
Tudo é lindo<br />
Casual<br />
Mas lindo<br />
<br />
Uma viagem<br />
Uma imagem<br />
Uma mensagem<br />
A nossa coragem<br />
<br />
Belo e casual<br />
Lindo e incerto<br />
A única certeza é que<br />
Aqui, no vale onde os dragões se lançam<br />
O amor floresceu<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-77023668984015801032010-07-19T14:49:00.000-03:002010-07-19T14:49:50.298-03:00InversoHoje se invertem os papéis<br />
Chove la fora<br />
Mas aqui dentro<br />
Ninguém chora<br />
<br />
Não há frio<br />
Que possa gelar o coração<br />
E com o sangue quente<br />
Entrego-o em tua mão<br />
<br />
Uma voz me dizia<br />
<i>Não vim até aqui</i><br />
<i>Pra desistir agora</i><br />
E é chegada a hora<br />
O momento derradeiro<br />
Quando me entrego por inteiro<br />
Quando espero<br />
Teu amor sincero<br />
<br />
<i>Se depender de mim</i><br />
<i>Eu vou até o fim</i><br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i>por Thiago M. Lacerda</i></div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">Trechos em itálico retirados da música<i> <b>Até o fim</b>,</i> da banda<i> Engenheiros do Hawaii </i></span></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-72927334315553804872010-06-30T00:02:00.001-03:002010-06-30T00:05:50.928-03:00A noiteNaquela noite o frio estava confortavel. O unico calor necessario era o que aquecia os nossos corações. O céu era com certeza o mais estrelado do ano, e até a lua parecia ter se aproximado para nos ver. A mão macia no meu rosto não deixava duvidas de que naquele 17 de julho o amor havia renascido. Em meu ouvido uma música soava: <i>Nesta noite o amor chegou. Chegou pra ficar... </i>Por alguns segundos pensei ser um sonho, mas os lábios que se aproximavam dos meus não me permitiam duvidar. O hálito quente vinha do único lugar que poderia fornecer calor naquela noite gelada: o coração. O resto não mais existia. A rua estava deserta. O olhar vigilante da lua não nos encabulava mais. O som do vento nas folhas era ainda mais acolhedor. Toda a natureza conspirava a favor. Então, quem seria contra? O amor era tanto que a falta de pudor sequer passou pela minha mente. O que eu queria era aquele beijo doce e diferente de todos os sabores do mundo. O que eu queria era aquele abraço que não carregava culpa. O que eu queria era o cheiro quase infantil e apaixonante. Além de tudo, eu queria a voz dela sussurrando ao meu ouvido uma velha música... <i>Nós dois cansados de esperar para se encontrar... Nesta noite o amor chegou. Chegou pra ficar...</i><br />
E foi infinita, enquanto durou, aquela noite<i> </i>inexplicável. Infinita, porque guardou, dentro de cada um, um pedacinho do outro. Infinita, porque ali o amor chegou. Ali, o amor chegou pra ficar...<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Thiago M. Lacerda</span></div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-style: italic;"><i>Trechos em italico retirados da canção <b>Nesta noite o amor chegou</b>, do filme Rei Leão</i> </span></span></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-59165643486947387302010-06-22T10:26:00.001-03:002010-06-22T10:29:31.708-03:00A cartaO dia amanheceu sob uma neblina incomum. Na verdade, não sei se fui eu ou o dia quem amanheceu diferente. Com a ponta dos dedos e do nariz gelados, fui até a rua e respirei fundo. Procurava algo como aquele cheiro verde da primavera, mas a única coisa que pude sentir foi a ardência fria do inverno. Olhei para o céu, e sob a luz do sol, sentí meu rosto enrrijecer-se num sorriso falso. <br />
Lembro-me muito bem dos meus dias frios. Costumo guardar na memória cheiros e temperaturas. O cheiro ardente e o frio que gelava até o último fio de cabelo me trouxeram lembranças boas, e foi isso que salvou meu dia, pois descobrí que o inferno é gelado, e não quente como dizem. E eu estava nele...<br />
Em dias como esses gosto de caminhar por aí, procurar um pouquinho de mim em cada lugar. Com pedras no caminho e flores na mão, vou deixando um pedaço a cada passo. Vez ou outra volto, como João e Maria atrás das migalhas de pão, procurando o caminho de volta, descobrindo de onde eu vim, pra talvez descobrir pra onde vou. Essa trilha de migalhas me levou até algum dia proximo ao mês de julho de 2005. Foi ali que tudo começou. No escuro do quarto, o único som audivel era a voz que dizia: <em>escrevo-te essas mal traçadas linhas, meu amor, porque veio a saudade visitar meu coração</em>. No outro dia, a carta realmente seria entregue. Em algumas horas, mais precisamente, pois já era alta madrugada, talvez tarde demais. <em>Talvez tu não a leias</em>, mas não importava, porque aquela era a última chance. A despedida derradeira. <em>Ao me apaixonar por ti, não reparei que tu tivestes só entusiasmo.</em> <br />
Aquela noite estava tão fria quanto a manhã em que acordei hoje. Voltei à Assis Brasil, onde havia me perdido no passado. Começo a achar que o frio ardente é alucinógeno...<br />
<em>E para terminar, amor, assinarei:</em><br />
<em> Do sempre, sempre, teu</em><br />
<br />
<div align="right"><em>Thiago M. Lacerda</em></div><div align="right"><br />
</div><div align="right"><br />
</div><div align="right"><em><span style="font-size: xx-small;">Os trechos em itálico foram retirados da música <strong>A carta</strong>, de Erasmo Carlos e Renato Russo</span></em></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-39795047853236328212010-06-22T00:06:00.000-03:002010-06-22T00:06:57.366-03:00Enforca-meMinha liberdade já ficou pra trás<br />
Não adianta fingir<br />
Ninguém mais é capaz<br />
De mudar ou mentir<br />
Pois já sei que tudo que fiz<br />
Eu faria outra vez igual<br />
<br />
Dê-me mais corda<br />
Continue, é disso que eu preciso<br />
Motivos<br />
Somente motivos<br />
<br />
Dê-me mais corda<br />
É nela que poderei me segurar<br />
Antes de cair<br />
Antes de partir<br />
<br />
Isso, isso, dê-me mais corda<br />
E se quiser espere<br />
Pois cedo ou tarde<br />
Eu mesmo farei...<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-47538917788149597362010-06-18T09:09:00.000-03:002010-06-18T09:09:59.862-03:00Ela foi emboraLembro-me como se fosse hoje<br />
Sob o céu estrelado<br />
A lua como testemunha<br />
E só tu ao meu lado<br />
<br />
Prometeu-me amor eterno<br />
Amor sincero<br />
Imensa divida<br />
Que até hoje eu espero<br />
<br />
Selada com um beijo<br />
Aquela promessa<br />
De nada valeu<br />
Foi tão falsa quanto o beijo que me deu<br />
<br />
Disse-me: Não vou te deixar<br />
Vou te amar<br />
Estarei sempre contigo<br />
<br />
E agora<br />
Onde estás?<br />
<br />
<div align="right"><em>Thiago M. Lacerda</em></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4128656306620071121.post-51325705929649314732010-06-10T09:04:00.001-03:002011-04-07T09:36:16.678-03:00Os planos daquele assaltoNunca imaginei estar aqui hoje, nesse fim de tarde rosado de uma quarta-feira tediosa, sentado na varanda, esperando o tempo passar. Velho e acabado. Os anos foram cruéis. Vejo o sol nascendo e se pondo, sem nunca envelhecer. Quantos anos tens, sol? Bilhões, talvez... E ainda assim permanece sempre com esse explendor. Eu é que me deixei vencer pelo tempo. Deixei que as dificuldades me afogassem nesse mar de tristezas que é a vida. Não tive força suficiente pra conduzir meu barco. <br />
Rugas e cabelos brancos. Olhos fundos. Minha idade eu nem lembro mais. Da minha vida eu pouco sei. Lembro-me dos meus planos. Dos planos daquele assalto. Quantas noites planejando em vão. Houveram dias em que esse objetivo não saia da minha mente. Meus olhos viam o alvo daquele furto. Meus dedos se mexiam frenéticamente pensando no toque suave. Sim, eram excelentes planos. Estava tudo pronto. Perfeito. O crime perfeito! Ou melhor, nem tão perfeito... Porque falhou... Não consigo acreditar. O plano daquele assalto... Sim, eu seria um ladrão, mas um ladrão feliz! Sabe o que eu pretendia roubar? Exatamente, eu roubaria teu coração! Esse era o plano! Planejei roubar teu coração, e quando me dei por conta, o meu ja havia sido roubado... Perdí meu coração... Os planos não deram certo, e fiquei vazio. Caminhando pela rua encontrei um pedra do tamanho da minha mão. Achei-a bonitinha, ajeitada. Coloquei-a no peito e saí por aí. <br />
Hoje, cá estou. Com um coração de pedra, um coração perdido, um plano falho e um amor que nunca veio... Ai, ai, como consegui chegar até aqui?<br />
<br />
<div align="right"><i>Thiago M. Lacerda</i></div>Thiago Lacerdahttp://www.blogger.com/profile/15417073832071400724noreply@blogger.com5