sábado, 28 de novembro de 2009

Um tanto quanto verde

O ar de Porto Alegre já carrega aquele cheiro típico de verão. Um aroma de natal, de férias, um aroma verde... Sim, um aroma verde. É a impressão que se tem, quando o cheiro penetra nossas narinas e não se sabe de onde vem, porque na verdade está em todo lugar, na copa de cada uma das imensas e frondosas árvores que embelezam a capital. Há anos não sentía esse cheiro de natal. Coincidentemente, vai ser meu primeiro natal no Passo D'Areia.
Há mais de meia década, esse aroma me fascinava e me acompanhava em todos os fins de tarde, com o pessoal do Morro Santana, jogando volei do lado de casa. O sol se punha, e ainda assim o cheiro verde continuava ao nosso redor, acompanhado das estrelas daquelas noites quentes. Eram dias felizes. Noites felizes. Bons tempos, diriam os nostalgicos. Que não voltam nunca mais, diriam os pessimistas.
Não sei se eu me tornei tão rude que não pude mais perceber essa presença que tanto me acompanhou, ou se realmente o cheiro de férias havia estado fora por algum tempo. Mas sinceramente, não lembro de senti-lo nos ultimos anos. As noites foram mais tão suaves. O volei do lado de casa terminou. Os amigos seguiram seus caminhos, que de vez em quando se cruzam em um "oi, há quanto tempo?" e logo se separam outra vez. Cada um com seu jeito, seus novos amigos, sua vida nova. Talvez o único espaço que tenha sobrado para os amigos de infância seja realmente a memória...
O Morro Santana ficou para trás. Os amigos e vizinhos se tornaram velhos amigos e ex-vizinhos. Mas o aroma voltou, trazido pelo vento. Talvez os ventos tragam algo ainda melhor que o bom e velho cheiro verde. Talvez, a distância possa unir duas vidas...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quando dissestes não

Observava-te em meus sonhos
Um raio de luz
Aquela estrelinha tão pequenina

Teu cheiro perfumava minhas noites
Embriagando-me com teu ser
E embalando meu sono

Sonhava em ouvir-te

Enquanto dormia, ouvia dizer-me
Vem
Me da o teu amor

Acordei

Fez-se o verbo e não pude te ouvir
Não consegui escutar aquela voz
Tão doce com a qual sonhei

Talvez não tivesse sensibilidade suficiente
Pois o corpo calejado já não sabia escutar
A mente cansada não podia compreender
E o espirito rasgado não queria aceitar...

Thiago M. Lacerda

domingo, 8 de novembro de 2009

Alguém que um dia fui

Tenho sob os olhos os restos do teu amor
Os restos de alguém que já fui um dia
Alguém que definhou pela lembrança do sabor
Daquele beijo que nunca mais teria

Os dedos trêmulos revelam o quanto o tempo passou
E mostram a enorme fraqueza em mim
Que o vento ainda não levou
Deixando-me na escuridão, assim

Thiago M. Lacerda

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Por um segundo

Um beijo teu quis roubar
E nos ternos laços da amizade
Meu amor em ti guardar

Por um instante, me ví exitar
Quando na triste realidade
Sentí meu sonho desabar

Era mais uma batalha perdida
Uma cicatriz que arde
Sangrando novamente a ferida

Thiago M. Lacerda