quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As aparências enganam

De subito, acordei. Enxarcado, suando frio. Senti uma veia latejar sob minha testa, enquanto meus olhos pareciam prestes a saltar das órbitas. Pela dor na nuca, imaginei que estivesse com a pessão altissíma. Não que seja normal, mas acostumei-me a ouvir sobre as dores de cabeça, frutos da hipertensão de minha avó. Não lembro exatamente o que me havia acontecido. Lembro de ter sonhado com um corredor enorme, com as paredes cobertas por musgos e teias de aranha, toda de tijolos crus. Ao fim, uma janela. Olhei para o lado e percebí que a janela do meu quarto era exatamente igual a do sonho. E o pior. Alguém me espiava pela janela. Impossível! Como alguém estaria do outro lado da minha janela, no segundo andar!? Era um homem aparentando cerca 45 anos. Seu olhar era assustador. Começou a abrir a janela quando, de súbito, acordei.
Acordei? É, acordei, olhei imediatamente para a janela, e percebi que aquilo havia sido o sonho dentro do sonho. Ainda era noite. Alta madrugada, e o vento la fora uivava. Deitei a cabeça no travesseiro e me permiti fechar os olhos demoradamente. Uma pancada na janela me tirou do meu transe, e num susto percebi que o homem do sonho estava na minha janela! Não acreditei. Novamente um sonho. Tentei gritar, me mexer, precisava acordar. Com meio corpo para dentro do meu quarto, o homem continuava me olhando com olhar assustador.
Num pulo, acordei. Suspirei aliviado. Finalmente a salvo daquele pesadelo. Revire-me na cama. Pânico. Horror. Ele estava ali, em pé, ao meu lado, me observando. Seus olhos negros pareciam prestes a me atacar. A expressão insana do rosto era a mesma de quando me via através da janela. Debati-me. Não podia ser real. Um pesadelo. Não havia outra explicação. Aquele invasor simplesmente me observava, e nada mais. Gritei o mais alto que pude.
Com o sol no rosto, finalmente acordei. Já era de manhã, e o céu aberto me acalmou um pouco. Levantei-me, e ao olhar para a rua novamente, percebi algo que até então não havia visto. Um pedaço de pano preto, preso à janela. E, putz, tinha certeza de ter fechado a janela antes de ir dormir...

Thiago M. Lacerda

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