De tanto se esforçar, já não diferia as coisas. Não mais sabia se ele havia mudado o suficiente para afasta-lo das pessoas, ou se as pessoas ao redor haviam mudado tanto que enterraram toda a saudade que fazia-os unidos. Provavelmente as duas coisas. O mundo não era mais folia, bebida e agito. As lentes haviam mudado, e o mundo parecia completamente diferente aos seus olhos. Mas assim como o anteiror, esse novo mundo as vezes parecia a beira do colapso. Prestes a ruir. Talvez o mundo antigo realmente tenha sumido, se divido, e por sobre as fendas ninguem podia passar. Realmente, era isso, cada grupo separado pelas imensas fendas remanescentes da destruição do mundo, e agora, separados pelo espaço e também pelo tempo, cada um criava o seu novo mundo, com os que ficaram a sua volta.
Todas noites, antes de dormir, era isso que ele pensava. Esse ciclo de pensamentos espantava-lhe o sono e deixava mais atento ao mundo. E como sobrevivente de um mundo destruido, as sequelas e o panico daquela época ainda lhe assombram às noites a cada pequeno tremor...
Thiago M. Lacerda