terça-feira, 9 de março de 2010

Estrada da lagoa

Conversavamos todos à beira da praia. Somente o luar e as estrelas iluminavam àquele imenso cenário. A trilha sonora era o som do mar quebrando na beira. O filme era nossa vida. Em dado momento, não sei exatamente que hora, se cedo ou tarde, talvez no meio da madrugada, decidimos ir embora. Na praia de cidreira, eu só sabia voltar pra casa pela avenida central, cujo nome eu nem sabia, mas um dos meus amigos disse-me que voltariamos todos juntos pelo caminho que eles sempre faziam, e quando estivesse no centro eu iria me achar rapidinho.
Caminhamos sob o lençol escuro pontilhado de estrelas, e quando percebí, não sabia onde estava e não tinha a menor idéia de como havia chegado ali. Em meio a uma estrada que cortava as dunas e a esparça vegetação, não haviamos feito absolutamente nada de errado, mas quando um de nós gritou "É a policia!" o primeiro instinto foi correr. Uma viatura cruzava a noite naquela estrada deserta em nossa direção. Estava na minha reta, e ao chegar em um morrinho de areia, me abaixei, enquanto meus amigos corriam, cada um para uma direção. Imaginei uma cena de filme, aquela viatura passando por cima do morrinho, e consequentemente de mim também, e seguindo reto, assim me deixando para trás, livre. Pena que nesse momento o carro parou sobre o monte de areia fina e branca, e todos nós, que antes conversavamos na beira da praia, levantamos as mãos, e tentamos conversar com os policiais armados. Não sabiamos qual era o nosso crime e nem porque corremos. Aos poucos pudemos baixar os braços, e conversar quase que intimamente com os dois policiais.
A noite se estendeu por alguns minutos antes de o segundo carro estranho daquela madrugada surgir. Era um modelo esportivo amarelo. O motorista perguntou algo a um dos policiais e seguiu. Logo atrás veio o terceiro carro, algo parecido com uma Belina ou uma Caraván, verde musgo bem velho. Não sei o que o condutor falou ao policial, mas sua reação foi imediata. No meio da briga que começou, o carro amarelo volta e seu motorista desce do carro para tomar parte na discussão. Vendo isso, o outro guarda foi ao auxilio de seu parceiro. Justamente nessa hora, vimos nossa fuga, e em uma corrida desenfreada, seguimos aquela estrada estranha até avistar os luminosos prédios do centro de uma praia que não parecia a conhecida Cidreira, mas que sabiamos que era. Chegamos enfim no centro, e com toda sinceridade, continuei sem saber o caminho de casa.

Thiago M. Lacerda

2 comentários:

Se você gostou, tem uma critica ou uma sugestão, não pense duas vezes: Senta o dedo nesse teclado e comenta!